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AQUECIMENTO DOS OCEANOS CAUSA ESCASSEZ DE NUTRIENTES.
O aquecimento dos oceanos, expresso num aumento da temperatura da água, sobretudo nos 700 metros mais à superfície, causa escassez de nutrientes, ameaçando a vida e a produtividade marinhas, de acordo
"Com o aumento da temperatura na faixa superior do oceano, a subida de nutrientes à superfície torna-se mais difícil, causando escassez alimentar e redução na produtividade marinha", afirmou o investigador em declarações à agência Lusa a partir da Austrália.Referindo o estudo de Catia Motta Domingues, do Centro Australiano de Investigação sobre o Clima - estrutura que resulta de uma parceria entre o Serviço de Meteorologia e a Organização de Investigação Científica e Industrial da Comunidade Britânica (mais conhecida pela sigla inglesa CSIRO) - Matear sublinhou o fato de o calor se concentrar à superfície.
"O estudo mostra que ocorre um maior aquecimento na faixa superior do oceano, uma vez que o calor não penetra tão profundamente como se pensava", afirmou à Lusa.O climatologista da Wealth from Oceans (Riqueza dos Oceanos), uma iniciativa da Organização de Investigação Científica e Industrial, defende que a temperatura na superfície do mar é um bom indicador ambiental das biorregiões marinhas, sobretudo para os organismos pelágicos, aqueles que vivem nas colunas de água.E, ainda que a temperatura não seja o único fator a definir as biorregiões, os restantes intervenientes - a produtividade, o fornecimento de nutrientes e os níveis de luz também são afetados pelo aquecimento da faixa superior do oceano.Segundo o investigador, "à medida que o oceano aquece, a principal reação é uma deslocação dos biomas no sentido dos pólos". Os biomas são sistemas de interação entre solo, clima, relevo, fauna e demais elementos da natureza e Richard Matear acredita que as deslocações já estão a verificar-se, como se constata em regiões como a Austrália Oriental, e vão continuar a registrar-se a um ritmo mais rápido do que se julgava.O perito referiu ainda à Lusa os efeitos da penetração de dióxido de carbono antropogénico (aquele que deriva das atividades humanas) nos mares, onde os 700 metros mais à superfície voltam a ser os mais afetados.
"Essa penetração está alterando a química da faixa superior dos oceanos, causando um decréscimo na concentração de iões de carbonato, o que reduz a capacidade de calcificação dos organismos", destacou.O impacto será diretamente sentido em animais cujo esqueleto externo (exoesqueleto) é formado por carbonato de cálcio, caso dos caranguejos, lagostas, estrelas e ouriços-do-mar ou corais.Nos últimos dois séculos, 48 por cento do CO2 lançado pelas ações humanas na atmosfera foi absorvido pelos oceanos e um estudo recente do Centro de Investigação Cooperativa sobre o Clima e Ecossistema Antárticos, parceiro na investigação de Catia Domingues, prevê que, já em 2060, a baixa concentração de iões de carbonato nas águas da Antarctica impeça a produção de aragonite, uma das formas de carbonato de cálcio existente nas conchas dos organismos marinhos.No relatório, divulgado há cerca de um mês, o Centro de Investigação australiano indica que, por volta de 2100, o aumento de acidez dos oceanos - causado pela absorção de CO2 - deve expandir-se para Norte a partir da Antarctica.E, apesar de as espécies terem capacidade de adaptação às alterações do meio ambiente, a sua evolução decorre ao longo de milhares de anos, pelo que dificilmente poderão acompanhar a rápida acidificação dos oceanos, assinala o documento.Segundo a investigação do Centro de Investigação Cooperativa sobre o Clima e Ecossistema Antárticos, o fenômeno terá conseqüências também a nível pisca tório e turístico, pois colocará em perigo os ecossistemas que dependem dos recifes, e vai enfraquecer arquipélagos como as Maldivas e o Quiribati, que ficarão mais vulneráveis às tempestades marítimas e tufões.
Referência: PortaldasCuriosidades
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