Notícias
ECOTURISMO NA MATA ATLÂNTICA: ACXT ARQUITECTOS LIDERA EQUIPE MULTIDISCIPLINAR
Local pioneiro da colonização do Brasil, o Vale do Ribeira, no litoral sul do Estado de São Paulo...
20.05.10
Local pioneiro da colonização do Brasil, o Vale do Ribeira, no litoral sul do Estado de São Paulo, viu florescer os primeiros aldeamentos onde se deu a miscigenação de portugueses com índios e espanhóis e, depois, com negros africanos. Caiçaras e quilombolas vivem hoje em região com mais de 60% da Mata Atlântica remanescente, considerada Patrimônio Natural da Humanidade pela UNESCO (agência das Nações Unidas para educação, ciência e cultura), e boa parte dessa população ainda pratica a extração de produtos da floresta, como o palmito e a madeira de lei.
Agora, para potencializar sua economia e seu desenvolvimento socioambiental, o Governo do Estado, por meio da Secretaria do Meio Ambiente, propõe estruturar e consolidar o Vale com o Projeto Ecoturismo na Mata Atlântica, iniciado a partir de seis parques estaduais: Carlos Botelho, Intervales, Turístico do Alto Ribeira - PETAR, Caverna do Diabo e Ilha do Cardoso e, no litoral norte de São Paulo, o Parque Estadual de Ilhabela.
"A ideia é partir desses seis, que têm em média 40 mil hectares cada, e ampliar o projeto para outros parques de preservação do Estado, visando educação ambiental, preservação da mata e gestão de negócios em ecoturismo", explica Pedro Paes Lira que, no Brasil, é diretor de arquitetura da espanhola ACXT Arquitectos-IDOM.
Em 2006, 167 mil visitantes estiveram nos parques. "Mas o potencial é de seis milhões", calcula o arquiteto. Para ele, o que falta é estrutura, informação e divulgação das principais atrações. "Parte do projeto conta com o desenvolvimento de conteúdo para exposições lúdicas sobre os parques, que recebem excursões e têm no grupo infanto-juvenil seu principal público."
O projeto é promovido pela Secretaria do Meio Ambiente e pelo BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento), e em sua primeira etapa desenvolve linguagem visual para equipamentos de uso público e intenso dentro dos parques, como restaurantes, pousadas, lojas e as próprias reservas. "Esses equipamentos são chamados unidades de negócio, e ajudam a fomentar o ecoturismo; o projeto estrutura essas unidades, não só em seus aspectos arquitetônicos, mas também comunicativos, gerenciais e administrativos."
Até agora, foram feitas intervenções em centros de visitantes (arquitetura de interiores) para a aplicação da identidade visual e das sinalizações desenvolvidas por designers da IDOM, além dos projetos para exposições educativas sobre as reservas, montadas nos centros de visitantes de cada parque, além do design de produtos para venda nas lojas, além da reforma dos equipamentos pré-existentes.
"Os resultados de nossa intervenção econômica só poderão ser notados no futuro, e a idéia é tornar o ecoturismo atraente à iniciativa privada, que terá mais condições financeiras de operar os equipamentos por concessões", argumenta Paes Lira. Além de oferecer serviços de qualidade, os parques deverão promover a integração da população carente do entorno, com empregos regulares e melhoria do nível de vida.
"O primeiro projeto executado foi uma exposição do centro de visitantes no Parque Caverna do Diabo - a maior do Estado", diz o arquiteto. Pedro Lira explica que o desenvolvimento da linguagem expográfica buscou elementos da própria Mata Atlântica, a partir da percepção visual de quem a visita. São rios, cachoeiras, árvores, animais e cavernas que revelam grande riqueza natural.
"Nota-se uma graduação de cores, formas, cheiros, texturas e ruídos que se interrelacionam", descreve o arquiteto. Assim, a partir de fotos recortadas das paisagens - que caracterizavam matas fechadas, interior de cavernas, cachoeiras ou espaços de transição - a cenografia foi desenvolvida em placas.
"A sensação que se tem ao andar na mata é de que ela tem piso, paredes e teto, por sua densidade acentuada e riqueza de detalhes", compara Paes Lira. Os recortes (chamados de "cortinas" pelos arquitetos) foram trabalhados em transições de cores e formas e também sobrepostos, numa busca de formas brutas da natureza local que serviriam, mais tarde, à comunicação visual e interiores dos centros de visitantes. "O desenho dessas placas se tornou o layout técnico que adaptou cada seção do edifício à montagem da exposição."
Às cortinas foi aplicada a identidade visual, que leva em consideração a temática exposta - a vegetação, os animais, as aldeias quilombolas. A variação de cores também encontrou inspiração na mata, mas vai além do verde e do marrom, mesclando as cores surpreendentes que se vê nos mamíferos e pássaros, flores e pequenos insetos.
"As exposições informam sobre a riqueza natural de cada parque e são mais uma atração turística. As cortinas - painéis de PVC expandido recortados a laser ficam suspensas e trazem textos, jogos, mapas e imagens explicativos, à medida que indicam um verdadeiro percurso de visitação."
O sistema de painéis é adaptável a qualquer um dos edifícios já existentes ou a qualquer tema que deva ser tratado nos parques. "Uma família de ícones que forma um sistema estilizado de bichos, insetos, flores e árvores também foi desenvolvida para sinalizar e decorar os painéis expositivos, além de servir como tema para produtos que serão vendidos nas lojas, como camisetas e canecas."
Para os arquitetos da IDOM, a originalidade da comunicação visual em camadas de painéis está no melhor uso das áreas de exposições que, apesar de reduzidas, podem veicular maior quantidade de informações ao visitante. "A próxima etapa será em Ilhabela, mas como lá a economia já é bem desenvolvida, a preservação do meio ambiente será mesmo o maior foco da exposição."
Referência: http://casaeimoveis.uol.com.br
Voltar